Objetivo é localizar restos mortais e vítimas do conflito que aconteceu durante a ditadura militar
As buscas pelos restos mortais de militantes que participaram da Guerrilha do Araguaia ganharam mais um capítulo nos últimos dias. Durante dez dias, uma equipe formada por mais de 20 pessoas – incluindo arqueólogos, antropólogos e representantes da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e do Ministério Público Federal (MPF) – realizou novas escavações na área do conflito armado que deixou dezenas de mortos. A estimativa do próprio governo federal é que 61 corpos de pessoas que desapareceram durante a guerrilha ainda estejam enterrados na região. Para o MPF, a localização dos restos mortais, bem como de outras provas do massacre, é um passo importante não só para esclarecer os fatos como também para garantir a punição dos responsáveis pelos crimes na esfera penal.
A expedição que se encerrou nessa sexta-feira, 19 de junho, é a primeira de três marcadas para 2015. Dessa vez, as buscas se concentram nos municípios de São Geraldo do Araguaia (PA) e Xambioá (TO), que receberam bases e acampamentos do Exército durante o conflito armado. As buscas na região chamada de Araguaia, por causa do rio que corta a região, foram feitas a partir de relatos de testemunhas de um dos maios violentos embates ocorridos durante a ditadura militar.
Os locais onde seriam feitas as escavações foram definidos pelo Grupo de Trabalho Araguaia a partir de expedições anteriores. Os profissionais realizaram inspeção das cavidades naturais existentes na região do entorno do Morro do Urutu, na Serra das Andorinhas, além de continuar as escavações no Cemitério de São Geraldo e na antiga base militar de Xambioá, onde o grupo já havia realizado ações de prospecções arqueológicas. As próximas expedições estão marcadas para os meses de agosto e setembro.
No entanto, apesar dos esforços e da colheita de novos testemunhos, nenhum resto mortal com possibilidades de ser referente aos desaparecidos foi localizado, segundo o procurador da República Ivan Cláudio Marx, que acompanhou as buscas.
Entenda o caso – A localização dos restos mortais de pessoas que foram vítimas da ditadura militar é parte dos esforços do Brasil para cumprir a sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos no caso ‘Gomes Lund e outros vs. Brasil’, bem como a do Processo nº 82.00.24682-5, julgado na 1ª Vara Federal do Distrito Federal.
FUENTE: A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão